quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ensaio Teórico: "A Vida por Ela mesma"

...minha vez de falar. Posso? Obrigada.

Bem, começemos do princípio: você sabe quem eu sou? Não? Melhor me apresentar:

Meu nome é Vida. Ponto. Sem sobrenome. Apenas algumas variações de acordo com o sotaque. Mas até aí: John é João, Mary é Maria e eu sou Life se vocês preferirem.

Agora vejamos as respostas básicas às perguntas óbvias:

- Sim. Eu tenho parentes em outros lugares do Universo. O lugar é enorme gente. Vocês deviam sair mais vezes.
- Não. Eu não vou acabar. Como eu sei é papo pra outro dia.
- Sou feita de algo complexamente simples de entender. Sem querer te enrolar, mas se eu começar a falar você vai se sentir aborrecido.
- Minha idade é algo a parte. Digamos que eu sou experiente.
- Eu sou feliz. Completa.
- Minha religião, no que concerne ao significado da palavra, é a única possível.
- Moro no Todo e trabalho no Tudo.
- Tenho muita experiência. Qualificada mesmo. Já vi muita coisa.

Pronto? Eu tava me empolgando já...

Agora eles.

São ótimos. Mas reclamam por pouco.
Tá muito fácil ficar jogando a culpa em mim: "Droga de Vida!", "Que Vida é essa?!". Depois ficam: "Eu quero minha Vida de volta!".

Agora me diga quem criou essa situação.

Até onde eu sei, tudo que acontece comigo, eles idealizaram, procuraram e encontraram. Claro, eu tenho meus contra-tempos, mas eles são parte de algo maior. Algo que está em volta que eles não percebem porque estão ocupados olhando as coisas pequenas.

Noutro dia mesmo, peguei um deles chorando, sem saber o que fazer comigo. Eu, claro, fiquei na minha. Horas depois tava sorrindo, me dizendo como eu sou bela. Meu. Já tá parecendo interesse. Gosta de mim? Mostra.

A minha madrinha Carma vive dizendo que vocês vão ter que me engulir como eu sou. Sou mais simples. Como se diz por aí: "Somos farinha do mesmo saco."

Bobo mesmo é querer arranjar briga pra mim. Comumente ficam me jogando contra ela. Ela. A Morte.
Eu já tentei explicar que nosso RH é o mesmo. Nós usamos as mesmas instalações. E estamos sob a mesma
gerência. Acontece que, como em qualquer empresa, cada uma tem sua função. E são muitas tarefas, logo, a gente acaba se encontrando pouco.

(...)

Queria falar mais, só que nesse mundo que eles dizem moderno, eles dizem que eu sou curta. Então, vou fazer outras coisas. Só vim mesmo a este bate-papo pra mostrar que não sou careta e estou aberta a todas as experiências.

Mas a gente continua conversando depois, pois advinha: eu não tô sempre aqui.

Até mais,

Vida.

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